quarta-feira, 27 de junho de 2018

Lançamento do Programa de Atenção ao Autismo

Foi lançado nesta terça-feira, 26, no Estado do Paraná, o Programa de Atenção ao Autismo, reivindicação antiga do deputado estadual Péricles de Holleben Mello (PT), que também é o autor da Lei 17555, de 2012, que institui no Paraná as diretrizes para a política estadual de proteção dos direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista – TEA, que prevê o Programa.

O programa fará a capacitação para diagnósticos e tratamento de autistas, além da realização de cadastro da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e o Censo quadrienal sobre autismo no Estado.

Com investimento de R$ 2,7 milhões do governo do Estado, a capacitação se dará através de um convênio com o The Scott Center for Autism Treatment, da Florida Institute of Technology (EUA). O convênio terá a duração de dois anos e a formação é voltada a profissionais de saúde (médico, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social, cirurgião-dentista) e gestores do SUS, tutores, professores, cuidadores e pais de pessoas com autismo.

No Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente – Craid, em Curitiba, haverá o serviço de referência estadual para avaliação, diagnóstico diferencial e intervenção terapêutica das pessoas com TEA e apoio para serviços e profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). O programa vai formatar um modelo próprio e aplicação da metodologia OMS – Autism Speaks.

A governadora Cida Borguetti destacou a importância do programa. “Estamos iniciando um projeto de sucesso que possibilitará aos pais e educadores um conhecimento muito maior”, disse.

Para o deputado Péricles, o Programa cumpre uma lacuna essencial para melhorar a Saúde no Paraná. “São dezenas de milhares de famílias que serão atendidas. Estou nessa luta desde 2012 e me sinto recompensado com a assinatura do convênio com o Instituto da Flórida e com o estabelecimento do Programa de Atenção ao Autismo. Tudo isso é fruto da luta de muitos grupos de mães de autistas como a Aampara (Associação de Proteção aos Autistas), a Aproaut (Associação de Proteção aos Autistas de Ponta Grossa), do Grupo Anjo Azul, da Associação Kasa do Autista e muitos outros. Se não fosse o empenho dessas mães, nada disso aconteceria”, disse o parlamentar.

A analista de comportamento, Amanda Bueno, foi uma das idealizadoras do projeto para trazer a capacitação dos profissionais por meio do curso de Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavioral Analysis – ABA), ao Paraná. “Através da ciência a gente consegue dar para o indivíduo o poder de ser independente. Cerca de três mil servidores serão treinados e uma parcela deles treinarão outros. Depois o Paraná será dono da tecnologia, nós faremos uma transferência de tecnologia vitalícia do método ao Estado”, disse Amanda.

Segundo a criadora do Grupo de Apoio às Famílias de Autistas do Paraná, Fernanda Rosa, que é mãe de duas crianças com autismo, esse programa é um avanço que levará um atendimento de qualidade a todos as famílias, principalmente as mais carentes. “As mães extremamente carentes serão muito beneficiadas. A partir desse momento elas vão contar com tratamento de qualidade para seus filhos”, disse.

PROJETO PILOTO – O Brasil será o 30º país a receber o programa e a cidade de Curitiba pioneira ao servir de piloto para o projeto, que será ampliado aos poucos a todos os 399 municípios paranaenses.  O secretário da Saúde, Antônio Carlos Nardi, destacou que o objetivo é que nos próximos cinco anos todas as famílias com crianças com autismo entre 2 a 9 anos de idade, sejam impactadas pelo projeto.

CADASTRO – O programa inclui o cadastro da pessoa com TEA, que norteará as ações e a elaboração de políticas públicas para esta área. O cadastro está disponível no site da Secretaria de Estado da Saúde.  Atualmente são 312 serviços especializados que atendem as pessoas com deficiência intelectual e autismo no Paraná (aproximadamente 300 serviços são das Apaes).




Fonte: http://periclesdemello.com.br/autismo-parana-lanca-programa-de-atendimento-a-pessoas-com-tea/

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Programa de Atenção ao Autismo em Curitiba

A Secretaria de Estado da Saúde está realizando um importante evento sobre o Programa de Atenção ao Autismo, com a participação da governadora Cida Borghetti, em Curitiba.


quarta-feira, 25 de abril de 2018

Revisão de: Promovendo Comunicação Social Iniciada por Crianças com Autismo: Efeitos da Intervenção Son-Rise Program

O Son-Rise Program é uma intervenção que não possui eficácia cientificamente comprovada para tratamento do autismo.

Veja abaixo um artigo traduzido da ASAT online abordando esse importante tema.
(Fonte: https://www.asatonline.org/research-treatment/research-synopses/social-communication/)

Revisão de: Promovendo Comunicação Social Iniciada por Crianças com Autismo: Efeitos da Intervenção Son-Rise Program

Por que pesquisar esse assunto?
Um foco de atenção importante no tratamento do autismo é aprimorar as interações sociais, como por exemplo, iniciar brincadeiras ou comunicação. Abordagens comportamentais, as quais defendem que as crianças aprendem através de trocas com adultos respondentes, são intervenções populares para déficits de interação social. O modelo “Floortime” (isto é, Greenspan) é o mais conhecido dentro dessas abordagens. Outro método, conhecido como Son-Rise Program (SRP), visa aprimorar interações espontâneas, iniciadas por crianças. O tratamento inclui um adulto que se engaja em brincadeiras paralelas com a criança, até que a criança inicie uma interação com ele. O adulto irá realizar elogios e irá “juntar-se” à criança. Apesar do SRP ter sido desenvolvido na década de 70, este é o primeiro estudo experimental que avalia sua eficácia.
O que os pesquisadores fizeram?
Participaram doze crianças com autismo. Os participantes foram separados em dois grupos; um grupo recebeu tratamento e o outro, não. Foram coletados dados acerca do comportamento social e comunicativo de cada criança, incluindo o número de orientações de cabeça, gestos, e “verbalizações” na direção do adulto para iniciar interação, bem como a duração da interação social. Inicialmente, cada criança participou de uma fase de linha de base na qual o experimentador não realizou tentativas de interação. Se uma criança iniciasse uma interação, o experimentador respondia, mas não realizava nenhum elogio ou ajuda para ocorrerem mais interações. Seguindo a linha de base, um grupo recebeu 40 horas de intervenção com SRP dentro de um período de 5 dias. Durante a intervenção, o experimentador engajou-se em brincadeira paralela até que a criança iniciasse uma interação. Assim que a criança iniciasse uma interação utilizando um ato comunicativo como orientação de cabeça, gesto ou verbalização, o examinador respondia imediatamente, fazendo elogios, unindo-se à criança, e dando ajuda para acontecer maior interação. Após a fase de intervenção, cada criança retornou à fase de linha de base.
O que os pesquisadores encontraram?
Durante a linha de base, não houve diferença entre os grupos. Na sequência, as crianças que receberam tratamento demonstraram aumento no número e comprimento referente a inícios espontâneos de interações. O comportamento verbal também aumentou, porém, não significativamente. Em contraste, crianças que não receberam tratamento, demonstraram poucas mudanças.
Quais são os pontos fortes e limitações do estudo? O que significam os resultados?
Este estudo foi o primeiro a utilizar dados para avaliar a efetividade da intervenção SRP. Ainda que os resultados sugiram que a intervenção SRP tenha aumentado os comportamentos de interação social e, possivelmente, verbalizações, não é possível tirar conclusões acerca do SRP devido a maiores limitações no delineamento do estudo. Em primeiro lugar, as crianças não foram encaminhadas de forma aleatória para os grupos com tratamento e sem tratamento. Em segundo lugar, foi difícil determinar de que maneira os participantes foram selecionados da fonte de famílias que vieram participar do treinamento SRP. Em terceiro lugar, não foram realizados testes para saber se os ganhos foram generalizados para outros ambientes ou mantidos através do tempo. Em quarto lugar, os investigadores não examinaram se os terapeutas SRP realizaram a intervenção adequadamente. Para fornecer dados confiáveis sobre efetividade, estudos futuros deveriam listar essas limitações metodológicas e replicar os resultados com crianças adicionais.


Autores: Houghton, K., Schuchard, J., Lewis, C., & Thompson, C.K. (2013). Promoting child initiated social-communication in children with autism: Son-Rise program intervention effects. Journal of Communication Disorders, 46, 495-506.

Revisão: Kathleen Moran, Caldwell College

Tradução: Christiana Campos Biscaia

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Considerações sobre a ABA


Descrição: Os praticantes da análise aplicada do comportamento (ABA) têm o objetivo de aprimorar comportamentos socialmente relevantes através de intervenções baseadas nos princípios da teoria do saber, sendo avaliados através de experimentos que utilizam medidas confiáveis e objetivas. Os métodos da ABA têm o objetivo de auxiliar pessoas com transtorno do espectro autista de várias maneiras:
  • Aprimorar comportamentos (por exemplo, aumentar o comportamento de permanecer em uma tarefa, ou interações sociais) e ensinar novas habilidades (por exemplo, habilidades de vida diária, de comunicação ou sociais);
  • Manter comportamentos (por exemplo, procedimentos de autocontrole e auto monitoramento para manter e generalizar habilidades sociais relacionadas a trabalho);
  • Generalizar ou transferir comportamentos de uma situação ou resposta para outra situação ou resposta (por exemplo, completar tarefas na sala de recursos para depois completar tarefas na sala de aula normal);
  • Restringir ou limitar condições nas quais ocorrem comportamentos interferentes (por exemplo, modificar o ambiente de aprendizagem); e
  • Reduzir comportamentos interferentes (por exemplo, autoagressão ou estereotipia).
Resumo da Pesquisa: Muitos estudos demonstram que a ABA é eficaz para aprimorar comportamentos e ensinar novas habilidades (National Autism Center [NAC], 2015; Wong et al., 2014, 2015). Além disso, vários estudos demonstram que a ABA é eficaz para reduzir problemas comportamentais (NAC, 2015). Uma quantidade de estudos também indica que, quando implantada de maneira intensiva, (mais de 20 horas por semana) e precocemente (com início antes dos 4 anos de idade), a ABA deve produzir muitos ganhos no desenvolvimento e redução da necessidade de serviços especiais (Reichow, 2012); entretanto, estudos grandes com delineamentos experimentais fortes, são necessários para confirmar os resultados reportados para intervenções intensivas e precoces.
O United States Surgeon General (1999) concluiu que “Trinta anos de pesquisa demonstraram a eficácia dos métodos da análise aplicada do comportamento para reduzir comportamentos impróprios e aumentar a comunicação, aprendizado e comportamentos socialmente adequados.”
 
Recomendações: A ABA é uma intervenção eficaz para muitos indivíduos com transtorno do espectro autista. As intervenções ABA devem ser supervisionadas por analistas do comportamento qualificados.
Uma importante área de pesquisa é a condução de grandes estudos com delineamentos científicos fortes para avaliar os resultados a longo prazo de programas intensivos e precoces de ABA, além de outros programas de intervenção. 



terça-feira, 20 de março de 2018

Considerações sobre a certificação de analistas do comportamento no Brasil



Um dos pontos mais discutidos e polêmicos que tem sido pauta de debates acalorados nos últimos tempos dentro dos fóruns analítico comportamentais sem duvida é a possibilidade de certificação para analistas do comportamento. Definitivamente tal idéia gera impacto e perguntas importantes que passam desde a desconfiança sobre o processo de certificação até questões mais difíceis como a separação da análise do comportamento da psicologia são feitas.
Recentemente participei de um debate sobre tal tema na USP com grandes nomes da área, tanto em sua esfera politica quanto em sua esfera acadêmica e pude tirar algumas duvidas sobre qual seria o processo e suas justificativas.A justificativa para a certificação.

Atualmente, está ocorrendo um grande avanço da análise do comportamento no Brasil e já somos o maior grupo organizado fora dos EUA. Grande parte do reconhecimento da AC se deve a maior atenção a políticas de saúde publica ligada ao tratamento do autismo. Sabemos que a ABA (Aplied Behavior Analysis ou Análise Aplicada do Comportamento) é uma das tecnologias mais avançadas e baseada em evidência para o tratamento do autismo e tal afirmativa chamou a atenção do governo brasileiro (nos EUA, é lei que os tratamentos para autismo sejam ABA), sendo que recentemente houve tentativas de basear os trabalhos com o autismo na esfera publica exclusivamente para terapeutas comportamentais e cognitivo comportamentais gerando com isso fúria dos psicanalistas que inconformados com tal medida, lotaram o judiciário com pedidos de liminares para cancelar tais concursos.

A justificativa para a certificação em primeira instância é delimitar quem é e quem não é analista do comportamento realmente qualificado. Com a explosão da demanda por atendimento comportamental para o autismo, inúmeros psicanalistas e terapeutas cognitivos tem migrado para a análise do comportamento sem de fato o ser, fazendo pequenos cursos de poucas horas e com isso alegando que são psicanalistas ou cognitivos, mas que sabem aplicar a técnica ABA (como se ABA fosse uma técnica…) causando grandes problemas para seus pequenos clientes e suas famílias, outro ponto é que tal demanda aquecida faz com que aproveitadores se utilizem de tal espaço para ganhar dinheiro e mais uma vez temos um grande dano aos usuários do serviço e um dano ainda maior aos verdadeiros analistas do comportamento.





O publico não tem como reconhecer a principio quem é e quem não é de fato habilitado para trabalhar com a Análise do Comportamento Aplicada e tal certificação em tese serveria para limpar a área de aproveitadores e profissionais desqualificados. Seria feita uma grande campanha em todos os setores da saúde publica com o apoio governamental sobre tais analistas certificados e que em tese seria um tipo de selo de qualidade profissional garantindo ao usuario que tal serviço é de fato realizado por um profissional habilitado. As instituições de saude e as politicas publicas teriam uma referencia importante para selecionar profissionais e essa é a justificativa mais importante para a certificação.

Quem vai fazer a certificação e em quais critérios?
A princípio a ABPMC (Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental) seria a responsavel, mas nada impede que outras instituições façam a certificação. Existe nos EUA o sistema BCBA (Board Certified Behavior Analyst) que faz a certificação de analistas do comportamento realmente habilitados. A prova para a certificação é muito abrangente e exige conhecimentos sólidos em Análise Aplicada do Comportamento, mas esse sistema teria alguns problemas para ser trazido para o Brasil.


O primeiro problema é que é um sistema muito caro para importar para o Brasil e também teria que haver um controle especial da matriz nos EUA e isso por sí só já é bem problemático para a realidade brasileira. Também é preciso ressaltar que no sistema BCBA o analísta do comportamento deve pagar uma taxa anual para manter seu status de certificado nos mesmos moldes que o CRP faz para manter um profissional ativo.
Outro problema é que a certificação vai ser cobrada, mas segundo informações a cobrança não vai ser para a certificação diretamente e sim apenas para pagar os custos operacionais já que teremos que contratar aplicadores e pessoas para corrigir tais provas, mas em nenhum momento vai haver fins lucrativos com essa cobrança.

É importante ressaltar que tal certificação não vai possuir um status regulador da profissão e qualquer um pode se identificar como analísta do comportamento (mesmo sem conhecer seus principios mais básicos) mesmo sem certificação, porém o que estamos tentando fazer é criar um controle de qualidade que vai ser cobrado pela sociedade nos próximos meses ou anos e que é preciso começar em algum momento. Muitos espertalhões estão invadindo a área e cometendo erros absurdos em nome da análise aplicada do comportamento e essa invasão precisa ser contida.

Os critérios ainda não estão claros, mas devem passar por análise de formação especifica e prova sobre conhecimentos especificos por uma comissão. Atualmente um dos melhores guias para a certificação BCBA é o conhecido “Aplied Behavior Analisys” (também conhecido como “The White Book”) do Heward e o conteudo cobrado provavelmente será o mesmo que é exigido para a certificação BCBA. Também está sendo discutido quem estaria dispensado da prova especifica como os mestres e doutores dos programas de psicologia experimental de institutos academicos reconhecidos, mas ainda não se tem consenso sobre tal tema.

Outros profissionais não psicólogos poderiam obter a certificação?
A certificação de analista do comportamento vai ser oferecida apenas para psicólogos de formação. Ainda não foi pensado que outros profissionais pudessem atuar como acontece em outros lugares do mundo. O Brasil não possui legislação especifica sobre o tema e a principio não pode ser campo de trabalho direto de outras profissões.


A certificação causa certo medo nos profissionais, pois pode acelerar a saida da análise do comportamento da psicologia sendo aberta a outras formações e com isso um enfraquecimento da área seria inevitavel segundo alguns opositores.O tema realmente é muito complexo e os próximos anos vão ser de muitas discussões e decisões difíceis deverão ser tomadas.

Por Marcelo Souza.
Fonte: https://www.comportese.com/2013/05/consideracoes-sobre-a-certificacao-de-analistas-do-comportamento-no-brasil

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