Veja abaixo um artigo traduzido da ASAT online abordando esse importante tema.
(Fonte: https://www.asatonline.org/research-treatment/research-synopses/social-communication/)
Revisão de: Promovendo Comunicação Social Iniciada por Crianças com Autismo: Efeitos da Intervenção Son-Rise Program
Por que pesquisar esse assunto?
Um foco de atenção importante no tratamento do autismo é aprimorar as
interações sociais, como por exemplo, iniciar brincadeiras ou comunicação. Abordagens
comportamentais, as quais defendem que as crianças aprendem através de trocas
com adultos respondentes, são intervenções populares para déficits de interação
social. O modelo “Floortime” (isto é, Greenspan) é o mais conhecido dentro
dessas abordagens. Outro método, conhecido como Son-Rise Program (SRP), visa aprimorar
interações espontâneas, iniciadas por crianças. O tratamento inclui um adulto
que se engaja em brincadeiras paralelas com a criança, até que a criança inicie
uma interação com ele. O adulto irá realizar elogios e irá “juntar-se” à
criança. Apesar do SRP ter sido desenvolvido na década de 70, este é o primeiro
estudo experimental que avalia sua eficácia.
O que os pesquisadores fizeram?
Participaram doze crianças com autismo. Os participantes foram separados
em dois grupos; um grupo recebeu tratamento e o outro, não. Foram coletados
dados acerca do comportamento social e comunicativo de cada criança, incluindo
o número de orientações de cabeça, gestos, e “verbalizações” na direção do
adulto para iniciar interação, bem como a duração da interação social. Inicialmente,
cada criança participou de uma fase de linha de base na qual o experimentador
não realizou tentativas de interação. Se uma criança iniciasse uma interação, o
experimentador respondia, mas não realizava nenhum elogio ou ajuda para ocorrerem
mais interações. Seguindo a linha de base, um grupo recebeu 40 horas de
intervenção com SRP dentro de um período de 5 dias. Durante a intervenção, o
experimentador engajou-se em brincadeira paralela até que a criança iniciasse uma
interação. Assim que a criança iniciasse uma interação utilizando um ato
comunicativo como orientação de cabeça, gesto ou verbalização, o examinador respondia
imediatamente, fazendo elogios, unindo-se à criança, e dando ajuda para
acontecer maior interação. Após a fase de intervenção, cada criança retornou à
fase de linha de base.
O que os pesquisadores encontraram?
Durante a linha de base, não houve diferença entre os grupos. Na
sequência, as crianças que receberam tratamento demonstraram aumento no número
e comprimento referente a inícios espontâneos de interações. O comportamento
verbal também aumentou, porém, não significativamente. Em contraste, crianças
que não receberam tratamento, demonstraram poucas mudanças.
Quais são os pontos fortes e limitações
do estudo? O que significam os resultados?
Este estudo foi o primeiro a utilizar dados para avaliar a efetividade
da intervenção SRP. Ainda que os resultados sugiram que a intervenção SRP tenha
aumentado os comportamentos de interação social e, possivelmente,
verbalizações, não é possível tirar conclusões acerca do SRP devido a maiores
limitações no delineamento do estudo. Em primeiro lugar, as crianças não foram
encaminhadas de forma aleatória para os grupos com tratamento e sem tratamento.
Em segundo lugar, foi difícil determinar de que maneira os participantes foram
selecionados da fonte de famílias que vieram participar do treinamento SRP. Em
terceiro lugar, não foram realizados testes para saber se os ganhos foram
generalizados para outros ambientes ou mantidos através do tempo. Em quarto lugar,
os investigadores não examinaram se os terapeutas SRP realizaram a intervenção
adequadamente. Para fornecer dados confiáveis sobre efetividade, estudos
futuros deveriam listar essas limitações metodológicas e replicar os resultados
com crianças adicionais.
Autores: Houghton, K., Schuchard, J., Lewis, C., & Thompson, C.K. (2013). Promoting child initiated social-communication in children with autism: Son-Rise program intervention effects. Journal of Communication Disorders, 46, 495-506.
Revisão: Kathleen Moran, Caldwell College
Tradução: Christiana Campos Biscaia