Domingo, 12/12/2010
Professor de Educação Física reúne 25 alunos que recebem dedicação, amor e carinho fundamentais no desenvolvimento mental e motor.
A ocitocina é um hormônio liberado pela glândula pituitária, que afeta tanto o corpo quanto o cérebro. No corpo humano, facilita contrações do útero durante o parto e ajuda na liberação do leite durante a amamentação.
O hormônio também afeta as interações sociais em um número de mamíferos, de ratos e toupeiras a cães e macacos. Por exemplo, estudos mostram que ratos que recebem ocitocina ficam mais juntos, e macacos que recebem o hormônio passam mais tempo cuidando uns do outros.
E há efeitos sociais sobre as pessoas também. Um deles mostrou que um spray nasal de ocitocina, maneira frequentemente utilizada para levar o hormônio direto para o cérebro, torna as pessoas mais confiantes. Outros descobriram que depois de tomar ocitocina, as pessoas olhavam mais frequentemente para a região dos olhos em imagens de rostos humanos. As pessoas olham para os olhos para ler o estado emocional e a confiança no outro.
Apesar de todas estas constatações, o uso médico do hormônio permanece limitado à obstetrícia; é utilizado para induzir o parto e ajudar na amamentação.
Algumas dessas pesquisas até chegaram à fase de ensaios clínicos – que testam a eficácia e a segurança de uma substância antes de aprovar uma droga – com resultados promissores, mas nada foi realizado.
Agora, pesquisadores estão tentando aplicar as descobertas sobre a ocitocina em tratamentos para doenças psiquiátricas. Eles afirmam que a capacidade única do hormônio de ajustar os relacionamentos e a intimidade pode remediar os sintomas da esquizofrenia, do transtorno de estresse pós-traumático (TSPT) e da ansiedade, bem como melhorar as habilidades sociais entre as pessoas com autismo.
Um dos estudos, com 15 pacientes esquizofrênicos, concluiu que aqueles que tomaram ocitocina durante três semanas, junto com a medicação regular antipsicótica, melhoraram seus sintomas e alucinaram menos do que aqueles que tomaram placebo.
O campo de tratamento da esquizofrenia atingiu um impasse nos últimos anos. Todos os medicamentos atuais têm os mesmos mecanismos de quando antipsicóticos foram descobertos há 50 anos. A ocitocina pode ser o novo mecanismo capaz de melhorar os sintomas da doença através de uma via diferente.
Considerando os efeitos sociais da ocitocina, faz sentido a hipótese de que ela também poderia tratar o autismo, condição caracterizada pela dificuldade em interagir com os outros. Pesquisadores já demonstraram que pessoas com autismo têm, naturalmente, menores níveis de ocitocina.
Agora, um estudo descobriu que pessoas com autismo que receberam ocitocina foram capazes de determinar o tom emocional de discursos mais consistentemente do que aqueles que receberam placebo.
Já estudos sobre outras doenças têm mostrado resultados mais mistos. Pacientes com transtorno de ansiedade social que tomaram ocitocina melhoraram a sua auto-imagem enquanto faziam um discurso. No entanto, após cinco semanas de tratamento, que incluiu também ensinar os pacientes a enfrentar seus medos sociais, a ocitocina não provocou nenhuma mudança em relação aos pacientes que receberam o placebo.
A ocitocina também está sendo testada em ensaios clínicos para tratamento de depressão, transtorno de personalidade e abstinência de álcool.
Um grande problema é que os pesquisadores ainda não sabem ao certo como o hormônio age. Uma hipótese é que a ocitocina prejudique a atividade da “região do medo” no cérebro, a amígdala, diminuindo o estresse e a ansiedade.
Um declínio na ansiedade poderia permitir que as pessoas atendessem a sugestões sociais que elas normalmente evitam. A hipótese também leva a crer que o hormônio seria útil às pessoas com TSPT, que é um distúrbio do medo. No TSPT, o cérebro continua dando a resposta de medo, como se as pessoas estivessem novamente na situação traumática pela qual passaram.
No entanto, os resultados obtidos até agora, apesar de trazerem esperanças, não são fantásticos. Existem muitos obstáculos à pesquisa. Como a ocitocina é uma molécula grande, ela não atravessa da circulação sanguínea para o cérebro muito facilmente. Também, ela é rapidamente degradada no estômago e no sangue.
Além disso, os pesquisadores não sabem o quão grande as doses do hormônio precisam ser, ou com que frequência o remédio deve ser dado para ter um impacto significativo. Descobrir a dosagem ideal pode ser difícil. Mas se os pesquisadores conseguirem atingir essa dosagem com algum grau de precisão, os resultados poderiam ser muito bons.
Os cientistas também não sabem o quanto da ocitocina vai para o cérebro quando é administrada como spray, ou se sequer chega lá. Não há nenhuma maneira de ver o hormônio no cérebro. Mas os efeitos que ela produz – como a redução de alucinações – exigem mudanças no cérebro, por isso os pesquisadores têm razão para acreditar que o hormônio atinge o cérebro.
Segundo os pesquisadores, não está claro se as pessoas que tomam a ocitocina se sentem diferentes. Eles dizem que pode ser que o hormônio aja sutilmente para mudar o comportamento ou a forma como as pessoas processam informações sociais.
Por enquanto, os efeitos colaterais da ocitocina tem sido benignos. Mas como o hormônio é algo produzido naturalmente pelo corpo, os pesquisadores não sabem se aumentar essa quantidade natural por longos períodos de tempo poderá ser prejudicial.
Os cientistas também precisam estabelecer se o hormônio afeta homens e mulheres de forma diferente. A ocitocina pode apresentar riscos à saúde para as mulheres por causa de seu papel de induzir as contrações do útero. A maioria dos estudos até hoje foram realizados em homens.
Embora seja possível comprar o hormônio em sites, se isso realmente funciona é outra história. O hormônio requer uma grande análise científica, processo que ainda está em sua infância nos laboratórios.
Ou seja, a ocitocina não foi aprovada para o tratamento de nenhum transtorno psiquiátrico. Porém, alguns estudos, como os citados, estão caminhando para isso. Embora os efeitos obtidos até hoje tenham sido sutis, ainda podem se tornar importantes terapias.
Além de transtornos mentais, os pesquisadores estão estudando os potenciais benefícios da ocitocina para uma série de outras condições como dores de cabeça, gripe e danos à pele.
Segundo os cientistas, não é necessário comprar um spray (nada confiável na situação atual) para solicitar a produção do hormônio. Eles suspeitam que algumas coisas “provocam” a produção de ocitocina naturalmente: massagem, sexo, toque, contato visual, etc. E para essas coisas, não há contra-indicações.
Alessandra Gudolle encontra dificuldade para matricular a menina de seis anos e o menino de três - Adriana Franciosi |
Contrapontos |
O que diz Rosane de Almeida, coordenadora pedagógica da 1ª etapa do colégio Maria Imaculada |
“A escola trabalha com vários casos de inclusão, desde o maternal até o Ensino Médio. O que ocorreu é que, neste momento, chegamos ao nosso limite para que a gente possa fazer um atendimento qualificado. Devido à questão do nosso número de profissionais, não temos, no momento, como aceitar novos casos. Queremos ampliar, mas precisamos fazer isso com respeito e responsabilidade, principalmente em relação às crianças que já atendemos.” |
O que diz a direção do colégio Santa Teresa de Jesus |
Zero Hora deixou três recados com a direção do estabelecimento, ontem à tarde, mas não obteve retorno. |
O autismo |
O QUE É |
- O autismo é um transtorno de desenvolvimento definido por alterações que costumam se manifestar antes dos três anos e se caracteriza por comprometimentos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. |
COMO LIDAR COM A SITUAÇÃO A ESCOLA |
- É importante abandonar estereótipos sobre o autista como aquela pessoa que grita e se balança o tempo todo. A doença tem vários graus e, quando tratada desde cedo, aumenta significativamente a capacidade do portador. Recomenda-se que, sempre que possível, um estudante com transtorno de autismo estude em uma sala de aula comum. Basta que os professores saibam do problema, estejam atentos a necessidades da criança e mantenham contato em reuniões periódicas com o médico e os demais profissionais que acompanham o aluno, como psicólogo ou fonoaudiólogo. |
A FAMÍLIA |
- Embora seja possível entrar com uma ação judicial para garantir o acesso à educação, seja em rede pública ou particular, é recomendado procurar um estabelecimento que faça questão de aceitar a criança com transtorno autista e trabalhar com ela – o que tende a criar um ambiente mais favorável para ela. Escolas com menor número de alunos também são preferíveis aos grandes estabelecimentos, por permitirem, em tese, uma atenção mais individualizada. |
A QUESTÃO LEGAL |
- O artigo 208 da Constituição Federal assegura ao deficiente o direito de frequentar a rede regular de ensino, seja ela pública ou particular |
- A Lei de Diretrizes e Bases da Educação e a lei de inclusão escolar estabelecem uma política nacional que privilegia a matrícula de portadores de necessidades especiais, físicas ou mentais, em escolas regulares. Porém, não resultam em uma obrigatoriedade explícita para os colégios particulares |
- Conforme a promotora da Infância e da Juventude do Ministério Público Estadual Synara Buttelli, nem sempre é possível exigir a matrícula do colégio, principalmente quando exige algum tipo de estrutura física ou de pessoal de que o estabelecimento não disponha |