quarta-feira, 17 de março de 2010

RASTRO DE NOTÍCIAS FALSAS QUASE NUNCA SE APAGA

Rasto de notícias falsas quase nunca se apaga
Efeitos da divulgação de fatos inventados são difíceis de parar e estudos mostram que até alvos sofisticados são manipuláveis.
....
Em 1998, Andrew Wakefield e mais 12 co-autores acusaram, no jornal The Lancet, uma vacina infantil de provocar autismo. Como relata a revista Scientific American (SciAm) no artigo "Factor de impacto: pode uma retracção científica mudar a opinião pública?", o caso é tanto mais estranho quanto desde aí foram feitas nove correcções. O artigo original teve um impacto na comunidade autista e gerou "um declínio nos níveis de vacinações das crianças".
Em Fevereiro, o The Lancet retractou-se porque o artigo tinha incorrecções mas, num conjunto de entrevistas feitas no ano passado e publicadas já no início de Março na revista Pediatrics, quase 25% dos 1552 pais inquiridos continuavam a insistir que as vacinas podiam provocar autismo. "É muito difícil 'desassustar' as pessoas depois serem assustadas", afirmava Paul Offit, director do Vaccine Education Center no The Children's Hospital de Filadélfia. E "pode haver mais casos nos quais a opinião pública perpetua [o erro] muito depois de desmentido".
A falsa ameaça de uma invasão russa à Geórgia, transmitida no sábado num canal de televisão deste país, gerou um conflito diplomático e político. O aviso de que se tratava de uma ficção foi emitido antes, mas não durante a emissão na Imedi TV.
Com o conflito com a Rússia em 2008 ainda presente, muitos georgianos que não viram o aviso acreditaram num ataque verdadeiro. Se a verdade foi reposta, o efeito da mentira mantém-se e vários estudos demonstram que as correcções têm menor efeito do que as notícias falsas.
O número de revistas e de correcções de artigos científicos aumentou. Segundo a SciAm, apenas cinco de 690 mil artigos científicos foram corrigidos em 1990 mas aumentaram para 95 em 1,4 milhões em 2008.
Também a Internet ajuda a promover erros, científicos ou não, e "notícias" relatadas de forma errónea ou como piada acabam disseminadas como verdadeiras. Em 2004, a Internet Satirical Newspaper Association contava mais de 200 membros, cujo objectivo era fabricar ou divulgar notícias inexistentes - à semelhança do que os jornais sérios fazem a 1 de Abril.
O efeito das notícias falsas revela que mesmo os "leitores mais sofisticados" acabam convencidos, segundo um estudo europeu revelado pela revista Miller-McCune, e qualquer um pode "sucumbir à manipulação mediática e alterar as suas posições políticas quando é bombardeado longamente com notícias tendenciosas".
O trabalho Time Bomb? The Dynamic Effect of News and Symbols on the Political Identity of European Citizens, publicado por Michael Bruter, da London School of Economics and Political Science, avaliou 1200 pessoas relativamente às suas posições sobre a União Europeia. Durante dois anos, Bruter enviou uma com notícias tendenciosas - retiradas de jornais e a favor ou contra assuntos específicos - para 200 pessoas em Portugal, Alemanha, Bélgica, França, Reino Unido e Suécia. Os resultados "sugerem que até audiências sofisticadas são susceptíveis à manipulação" e, assim, "a maior lição para os media é que tenham responsabilidade" no que emitem.

Um comentário:

  1. É realmente isto é gravíssimo, se falar algo mentiroso sobre uma única pessoa já tem um efeito devastador, imagine a falta de consciência que uma pessoa tem que ter para disseminar estes boatos em grande escala!
    E o pior é que muita gente não tem esclarecimento ou malícia suficiente para discernir, não é mesmo?
    Muito boa a sua atitude Amanda!
    Fica com Deus!

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails