quinta-feira, 8 de julho de 2010

ESTUDO REVELA COMO MISOPROSTOL LEVA A DEFEITOS NEUROLÓGICOS ASSOCIADOS

Um estudo da Universidade York, no Canadá, mostrou pela primeira vez como o medicamento misoprostol, que tem sido associado a defeitos no desenvolvimento neural relacionados ao autismo, interfere na função das células neurais. A descoberta é importante porque o misoprostol é semelhante em estrutura a prostaglandinas naturais – moléculas-chave na sinalização produzida por ácidos graxos no cérebro, avança o site brasileiro Ciência Diária.

Estudos anteriores demonstraram uma associação entre o misoprostol e defeitos graves no desenvolvimento neurológico, incluindo sintomas do autismo. Estes trabalhos analisaram os casos brasileiros em que mulheres usaram o fármaco no início da gravidez na tentativa fracassada de provocar um aborto.

Nesta recente investigação, a equipa de investigadores analisou células neuronais de ratos para descobrir de que forma o fármaco interfere em nível molecular com prostaglandinas, importantes para o desenvolvimento e comunicação das células no cérebro.

“No início do primeiro trimestre de gestação, as células neurais começam a comunicar-se umas com as outras”, diz Dorota Crawford, professora assistente na Faculdade de Cinesiologia e Ciências da Saúde em York. “O nosso estudo mostra que o misoprostol interfere no processo, aumentando o nível de íons de cálcio nas extensões dos neurônios, o que reduz o número e o comprimento das mesmas. Isso impede que as células se comuniquem. Se as mudanças nos níveis de prostaglandinas alteram o desenvolvimento e a diferenciação das células, pode ter um impacto fisiológico”.

Entretanto, os investigadores voltaram as suas atenções para o medicamento, já que estudos clínicos anteriores indicavam efeitos perigosos do fármaco. Usando o misoprostol e prostaglandinas no estudo, descobriram que ambos os compostos produziam os mesmos resultados sobre a célula neural. Os resultados mostram que quanto maior é a dose dos compostos, maior é o problema criado.

O misoprostol é a versão sintética da prostaglandina E1, usado para tratar úlceras no estômago. No entanto, algumas mulheres usam o medicamento para abortar. A sua comercialização no Brasil é proibida para o público geral desde 1998.
2010-07-08 | 12:34

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