domingo, 10 de outubro de 2010

Secretário de Educação anuncia que EC 405 Norte não será fechada

Depois de dois meses de reuniões, manifestações e muito diálogo, a comunidade da Asa Norte conseguiu reverter o processo de fechamento da Escola Classe 405 Norte. A secretaria de educação havia decidido fechar a instituição de ensino e utilizar o espaço para a intalação do Centro Interescolar de Línguas (CIL), até 23 de dezembro, mas neste sábado (9/10) uma nova decisão mudou o destino dos 158 alunos atendidos pelo local, sendo 30 especiais, principalmente com autismo, psicose infantil, transtorno de deficit de atenção e hiperatividade.


Entidades e pais já haviam organizado um protesto, que se transformou em comemoração pela conquista - (Leonardo Arruda/Esp.CB/D.A Press)
Entidades e pais já haviam organizado um protesto,
que se transformou em comemoração pela conquista
Integrantes da associação de pais da escola, professores e representantes de entidades de defesa de pessoas portadoras de distúrbios haviam divulgado um ato de protesto neste sábado, mas antes mesmo de ele acontecer, na sexta-feira à noite, o secretário de educação, Sinval Lucas, anunciou que o fechamento seria revertido. “Está garantido o funcionamento da escola até o final de 2010 e em todo o ano letivo de 2011. Antes de se fazer uma mudança como essa é preciso ter um estudo”, enfatizou.

Segundo ele, o Plano Piloto tem espaço disponível para instalar o centro de línguas sem retirar os estudantes da instituição. “Vamos manter o CIL funcionando no Setor Leste até que a última turma se forme. Nesse meio tempo, é preciso conversar com os moradores, com os alunos e ver a real necessidade da vinda dele para a Asa Norte. Se constatado o pedido da população, encontraremos um local para fazer a mudança”, garantiu. “O que não podemos é tirar as crianças especiais de um lugar que elas já se acostumaram e são bem atendidas”, complementou o secretário.
A decisão foi aplaudida de pé por todos aqueles que lutavam pela causa. O presidente do Conselho Escolar e pai de um aluno autista, Valmir Ferreira Gomes, viu o filho mudar de atitude depois de ir para a Escola Classe. “Nunca pensei que meu filho pudesse ler e aqui ele conseguiu. Além disso, o Renan está sociabilizado. Este é o maior ganho, ver que ele rompeu barreiras e saiu de um mundo particular para interagir com as pessoas”, alegrou-se.

Quando Renan Lira Gomes tinha apenas 5 anos, o pai se mudou de Sobradinho, onde morava, para se instalar na Asa Norte, apenas por procurar um ensino de qualidade para o filho. Valmir era viúvo e encontrava dificuldades para lidar com o autismo, mas encontrou na escola um novo refúgio. Seis anos depois, viu a possibilidade do sonho acabar com a decisão da secretaria. A reversão desse quadro manteve as esperanças acesas e a vontade de lutar pela continuidade dela ainda mais aflorada.
Tanta comoção se dá ao ensino de excelência oferecido pelo local. Embora o governo tivesse alegado que ela poderia ser fechada por ter poucos alunos matriculados, esse é justamente o motivo do atendimento diferenciado. Uma criança autista fica nervosa com a presença de muitas pessoas em um mesmo local e tem o aprendizado muito inferior ao que deveria. Com o número de estudantes que a escola possui hoje é possível atender dois alunos por professor e trabalhar a integração nas turmas maiores depois de se perceber uma evolução do autista.

DISTÚRBIO

O autismo é uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente a determinados ambientes. No Brasil, de cada 500 nascimentos um bebê é autista. No mundo, eles representam 1,5% da população.
 
por Manoela Alcântara.
Publicação: 10/10/2010 08:47 Atualização: 10/10/2010 09:02


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