Já se sabia que crianças autistas têm dificuldades para processar imagens. Elas acham, por exemplo, mais difícil compreender expressões faciais que crianças sem autismo. Agora um estudo publicado na revista "Plos ONE" mostra que a presença de sombras em objetos também prejudica o processamento visual em autistas.
Umberto Castiello, da Universidade de Pádua (Itália) e colaboradores compararam a habilidade de 20 crianças com autismo e 20 crianças sem autismo reconhecerem objetos desenhados com ou sem sombras.
Castiello e seu grupo descobriu que crianças com autismo nomeavam os objetos sem sombra mais rapidamente e objetos com sombra mais lentamente que crianças sem autismo.
Segundo Castiello, crianças sem autismo conectam objetos e suas sombras de uma maneira que facilita o reconhecimento de objetos. Quando essas crianças veem imagens com sombras inconsistentes com o objeto, por exemplo um vaso redondo com uma sombra triangular, o tempo para nomear o objeto é maior do que quando a sombra é consistente com o objeto.
Para crianças com autismo, contudo, faz pouca diferença se as sombras são consistentes com o objeto ou não.
Uma possível aplicação do resultado é o uso de salas de aula mais bem iluminadas para que turmas de autistas tenham menos distrações.
A parte e o todo
De acordo com Uta Frith, psicóloga especializada em autismo do University College London, no Reino Unido, os resultados concordam com a teoria de que autistas não utilizam o contexto em torno de um objeto (no caso, as sombras) para ajudar a interpretar dados visuais.
De maneira mais geral, autistas parecem prestar mais atenção para as partes do que para o todo. Frith nota que crianças com autismo gostam de montar quebra-cabeças, mas, ao contrário de crianças sem autismo, não mostram interesse na figura final.
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